Brasil - Metalúrgicos vão recorrer ao TRT contra demissões na Embraer
Publicada em 20/02/2009 às 13h07m
O Globo/VNews
SÃO PAULO - Em comunicado divulgado nesta sexta-feira, a Força Sindical e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos anunciaram que vão recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas contra as 4,2 mil demissões anunciadas ontem pela Embraer. Na ação, que deverá ser apresentada na próxima quarta-feira, depois do Carnaval, as entidades vão pedir que o TRT reconheça a ilegalidade da dispensa coletiva.
"As entidades também irão cobrar a responsabilidade social da empresa, que durante anos recorreu ao BNDES, com ajuda financeira de dinheiro público, e agora pratica atos antidemocráticos e ilegais, penalizando os trabalhadores", diz nota divulgada pela Força Sindical.
Em protesto contra as demissões, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos bloqueou a avenida que dá acesso à Embraer na altura do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), na noite desta quinta-feira. Os ônibus foram parados, e os funcionários do terceiro turno foram impedidos de entrar na fábrica. O Sindicato fez uma manifestação em frente à Embraer e tentou mobilizar os funcionários remanescentes. Segundo a entidade, também está prevista uma paralisação em protesto contra as demissões.
Houve um início de confusão entre sindicalistas e funcionários que tentaram furar o bloqueio para entrar na fábrica. A polícia precisou intervir para conter a situação.
A Embraer anunciou, nesta quinta-feira, a demissão de 4,2 mil funcionários, o correspondente a cerca de 20% de sua força de trabalho, e a redução das estimativas de entrega de aviões e de investimentos neste ano. Foi o maior corte anunciado por uma empresa brasileira desde o agravamento da crise, em setembro de 2008.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai chamar o presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, para cobrar explicações sobre o motivo da demissão de 4 mil funcionários. Lula reuniu-se na noite desta quinta-feira com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, o membro da executiva da Central José Lopes Feijoó, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro de Comunicação Social, Franklin Martins, para tratar do problema. Conforme relato de Feijoó, Lula ficou "indignado" com as demissões.