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Brasil - Governo investirá no cargueiro C-390 da Embraer

Concepção artística do C-390. Imagem: Embraer
Concepção artística do C-390. Imagem: Embraer

Defesa investe em projeto de avião militar e depois deve comprar jatos de empresa que acaba de demitir 4,2 mil

Roberto Godoy

O governo vai aplicar entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões no programa do novo cargueiro militar da Embraer, o KC-390. Esse aporte inicial é equivalente a 5% do investimento na etapa de desenvolvimento. O detalhamento da participação será anunciado até abril. O Comando da Aeronáutica incluiu o jato médio de transporte no plano de longo prazo, que fixa metas até 2023.

O contrato de venda só entrará na pauta mais adiante. Todavia, os primeiros estudos do negócio consideram a encomenda de 22 a 30 aeronaves com entregas previstas a partir de 2015. O valor do pacote é estimado em US$ 1,3 bilhão.

A entrada da Força Aérea no empreendimento havia sido revelada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encontro entre sindicalistas e executivos da Embraer, no Palácio do Planalto, dia 4. A empresa demitiu 4,2 mil funcionários há três semanas. O processo do cargueiro pode ajudar a evitar novos cortes. Para o presidente da Embraer, Frederico Curado, "o KC-390 é um produto com muita chance de sucesso nas vendas internacionais; vai representar demanda por mão de obra de engenharia - e permitirá sustentar centenas de profissionais, que trabalharão nos primeiros seis anos de desenvolvimento e depois disso, por muito tempo".

Com desenho novo e agora com capacidade para cumprir missões de reabastecimento em voo, mudanças especificadas em conjunto com especialistas do Comando da Aeronáutica, o KC-390 é um ambicioso projeto preparado para disputar um mercado internacional avaliado em 700 aviões dessa classe que serão trocados ou comprados até 2020 em 77 países. Um negócio, total, de US$ 13 bilhões.

Durante o Salão Aero India, em Bangalore, o diretor para o mercado asiático, Sérgio Bellato, disse que a corporação discute a venda de uma configuração civil da aeronave. Os prováveis clientes são a Federal Express (FedEx) e a DHL.

O birreator adota um desenho avançado - a integração da asa alta foi reprojetada - com grande porta traseira e eletrônica digital de última geração. Voa a 850 km/hora. Cobre 6,3 mil km levando 12,5 mil quilos ou 2,4 mil km com 19 toneladas. Pode ser convertido em avião tanque e sairá da fábrica preparado para ser reabastecido - por outro KC-390.

O plano estratégico da FAB precisa expandir a sua frota de transporte rápido para atender ao conceito do Plano Nacional Estratégico que definiu a arquitetura de forças de deslocamento rápido para todo o País como padrão.Segundo Frederico Curado, presidente da Embraer, o programa do KC-390 exige recursos situados entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões. A empresa negocia parceria com corporações internacionais.

As mudanças feitas no projeto são significativas. Foram determinadas pela agência tecnológica da Aeronáutica. Um certo número de "potenciais clientes selecionados" entrou na pesquisa.O KC-390 preserva pontos comuns com o modelo de passageiros o Emb-190/95 , para 122 passageiros, "em benefício da redução dos custos", afirma Curado. Na última versão, a empenagem traseira, onde fica o leme, foi elevada e adotou o formato em T. Os motores devem ser mais potentes. A imagem mostra alterações para melhorar o fluxo aerodinâmico.

Peritos militares acreditam que o KC-390 tenha mais de 30 metros de comprimento, aproximadamente 29 metros de envergadura e 10 de altura. A carga útil é de 19 toneladas. A fuselagem abriga 64 paraquedistas equipados para combate ou 84 soldados de infantaria convencional. Há outros arranjos, combinando um blindado leve e 13 homens; ou suprimentos e dois veículos leves. A Aeronáutica quer, ainda, uma configuração para a retirada de feridos ou doentes em zonas de alto risco ou conflito.

O vice-presidente de Defesa, Orlando Ferreira Neto, considera a FAB "reconhecida por definir requisitos operacionais muito eficazes, o que tem resultado em produtos competitivos". Na prática, significa que a escolha do KC-390 para substituir ao longo dos próximos 20 anos o Hércules C-130 como principal transportador da FAB vai alavancar as negociações junto a compradores externos

Fonte: O Estado de São Paulo




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