Contrabando: Secretaria de Segurança da Argentina receberá informação de radares de fronteira
Kaiser Konrad
O governo argentino aprovou a liberação de informações dos radares militares que cobrem as fronteiras, entre eles o de Corrientes com o Brasil e Paraguai em busca de voos clandestinos. Estas informações serão repassadas à Secretaria de Segurança Interior para que imediatamente organize uma reação da Gendarmería Nacional e das polícias estaduais.
A informação foi publicada pelo jornal espanhol El País, que diz que “os cartéis colombiano e mexicano, cada vez mais perseguidos em seus países, podem tentar extender suas atividades a outras nações latino-americanas”. Por temer que isso aconteça o governo argentino aprovou a liberação destes dados de radar em tempo real. O acordo foi assinado nesta semana, porém, ele é limitado devido às extensas fronteiras do país.
Recentemente a Espanha cedeu três modernos radares à Argentina. Os equipamentos foram enviados para controlar o tráfego aéreo às margens de Corrientes, Misiones, Formosa, Chaco e Salta, principalmente nas regiões de fronteira com o Brasil, Paraguai e Bolívia. A entrada de aeronaves provenientes destes países será analisada pelo Centro de Operações Espaciais, que controla aeronaves de caça no Chaco e em Misiones.
As fronteiras norte e leste do país tem sido motivo de dor de cabeça para a as autoridades argentinas, porque seu controle é difícil e a passagem de drogas, contrabando e criminosos é comum. Desde que os narcotraficantes passaram a transportar grandes quantidades de dinheiro, o principal problema deixou de ser os caminhões, mas sim pequenas aeronaves, que podem transportar até 600 kg e podem pousar em pequenas pistas de terra ou em estradas em regiões desabitadas.
A Força Aérea Argentina, por motivos de Segurança Nacional, listou centenas de locais não revelados que estão aptos a operações com aeronaves. Só na província de Chaco, existem 140 pontos que podem receber aeronaves de pequeno e médio porte.
Atualmente, o noroeste argentino é vigiado por radares instalados nas cidades de Resistência e Posadas. Porém estes equipamentos foram fabricados há quase 40 anos, para a guerra do Vietnã e adaptados para operar em sítios fixos. Ainda assim, só podem operar durante seis horas por dia.
A zona mais protegida é a de fronteira com os estados brasileiros do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As autoridades brasileiras dispõem de avançados sítios radar localizados em Canguçu e Santiago – RS e Urubici-SC. AS informações obtidas por estas antenas são compartilhadas com a Argentina o que facilitada a detecção de tráfegos ilícitos.
Durante cinco anos, as forças aéreas do Brasil e da Argentina realizavam a partir da Base Aérea de Santa Maria-RS e do Aeroporto de Posadas-AR a Operação Prata. A manobra tinha como objetivo testar e padronizar ações de detectação e interceptação de aeronaves ilegais que entrassem ou saíssem dos territórios dos dois países. Em 2008 a Operação Prata não aconteceu devido à falta de recursos. Neste ano a manobra provavelmente não vai acontecer pelo mesmo motivo.
O chefe do Centro de Vigilância Resistência, Nelson Barrionuevo, que controlará o espaço aéreo do noroeste argentino em busca de aeronaves ilegais informou à imprensa local que o novo radar tridimensional cedido pela Espanha para combater o narcotráfico na região será inaugurado em agosto.
O Comandante Barrionuevo destacou que a Força Aérea construiu também em Resistência, hangaretes para receber aeronaves de caça e disse que as obras no edifício que vai receber a antena de radar estão em fase de finalização.
“A força aérea não teve tempo de modificar com seus engenheiros alguns aspectos das instalações. Como este será o primeiro que se fará no país, decidiu-se fazê-lo da mesma forma que funciona na Espanha”, disse Barrionuevo. Após a conclusão das obras, cerca de 250 militares deverão trabalhar no local.