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Missão da Força Aérea Brasileira repatria brasileiros residentes no Suriname

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Uma operação conjunta entre a Força Aérea Brasileira (FAB), Ministério da Defesa e Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República repatriou, no dia 30 de dezembro, 31 brasileiros que manifestaram desejo de retornar ao Brasil após os incidentes ocorridos na localidade de Albina, no Suriname. Três deles estavam hospitalizados em Paramaribo, capital do país, e foram conduzidos ao Hospital Ordem Terceira,em Belém, onde receberão os cuidados especiais exigidos. Os repatriados desembarcaram às 22h30 (horário de Brasília) no Aeroporto Internacional de Belém, no Pará.

O avião Hércules C-130 da FAB, do primeiro esquadrão do primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT), sob o comando do Major-Aviador Mauro Henrique Monsanto da F.E. Souza, decolou da Base Aérea de Brasília rumo ao Suriname às 12h37 do dia 30. Além da equipe da FAB, participaram da missão os representantes do Itamaraty, Ministra Luiza Lopes da Silva; da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Clarissa Correa de Carvalho; e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Erasmo Lopes. Dois médicos, um enfermeiro e um técnico em enfermagem, também fizeram parte da operação com o objetivo de prestar cuidados no transporte e remoção dos brasileiros hospitalizados.

“Esse tipo de missão é um procedimento padrão em crises envolvendo brasileiros no exterior. Quando ocorre uma catástrofe natural, guerra ou outras situações graves, é responsabilidade do Itamaraty verificar se os brasileiros estão bem. Repatriamos aqueles que estão em risco ou desvalimento, ou seja, sem condições de se sustentarem financeiramente”, explicou a Ministra Luiza Lopes da Silva, do Itamaraty.

Depois de cinco horas de vôo, a aeronave da FAB aterrissou, às 17h40 (horário de Brasília), no Aeroporto Internacional Johan Adolf Pengel, em Paramaribo, capital do Suriname. No embarque, bastante aliviados, os brasileiros contaram como foram os dias de tensão no incidente na cidade de Albina.
“O alojamento em que eu estava fica em cima de um rio. Permaneci em baixo do assoalho, na água, só com a cabeça de fora por mais de duas horas. Ouvia muitos gritos, pensei que ia morrer”, relembra Martim Carvalho Brito, 41 anos, que há seis meses estava no Suriname trabalhando no garimpo. “Estou feliz e agradecido à FAB, pois precisávamos desse resgate”, complementa.

Quem também se lembra dos momentos de agrura vivenciados às vésperas do Natal é o goiano Vilmar Alves Pereira, 49 anos, trabalhador da construção civil na cidade de Solohan, próxima a Albina. Desde 2005 no Suriname, o brasileiro foi agredido na cabeça com garrafas e pedaços de madeira. “Fui ao Suriname procurar um futuro melhor, mas estou voltando sem nada. Perdi todo o dinheiro que possuía. Fiquei só com a roupa do corpo”, ressalta Pereira.

Mesmo após o incidente, ainda há muitos brasileiros que pretendem continuar tentando a sorte no garimpo no Suriname. Apesar do medo, o maranhense Wilton Alves da Rocha, 39 anos, há oito anos naquele país, não pensa em retornar ao Brasil, pelo menos por enquanto. Traumatizado com os acontecimentos ele prefere nem circular pelas ruas. “Parece que já estava tudo programado contra os brasileiros. Os ataques foram muito violentos. Senti muito medo de morrer e acho que sobrevivi porque mergulhei no rio e depois me embrenhei a noite toda em um matagal”, afirma Rocha. “Mas vou permanecer aqui porque perdi tudo. As minhas coisas, inclusive dinheiro, roupa, foram roubadas. Preciso recomeçar”, disse o brasileiro.

O embaixador do Brasil no Suriname, José Luiz Machado e Costa explicou que a situação no local dos incidentes está bem mais tranqüila. De acordo com ele, o governo do Suriname já tomou todas as medidas para estabilizar a área a fim de manter a paz e a ordem. O embaixador considerou ainda que o incidente foi um ato restrito. “Estamos considerando como um caso isolado e não como algum tipo de ação dirigida contra o Brasil e os brasileiros. A embaixada não está fazendo nenhuma orientação no sentido de induzir os brasileiros a irem ou não a determinadas áreas.Nós temos sim uma política de sempre orientar os brasileiros que se dirigem à região para refletir sobre as dificuldades que vão encontrar num país de língua e culturas diferentes”, explicou Costa.

A poucos minutos do desembarque em Belém, os brasileiros já não continham a ansiedade no avião da FAB para rever os parentes que os aguardavam no saguão do aeroporto. Quando o aviso de que já estavam prestes a aterrissar foi dado, um misto de alívio e felicidade tomou conta dos repatriados. “Quero dar um abraço na minha família e correr para casa”, afirmou Maurici Dias Alves, 38 anos, que estava havia nove meses no Suriname.

Assista aqui aos depoimentos dos repatriados

Fonte: CECOMSAER








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