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TAP bate recorde de prejuízos em 2008 apesar de subida em 17% da receita de passagens

O grupo TAP perdeu em 2008 cerca de 280 milhões de euros, mais cerca de 80 milhões do que tinha sido avançado como “possível”, segundo notícia do “Expresso online”, que se refere a números divulgados numa reunião de quadros da companhia.

Fontes da TAP contactadas pelo PressTUR adiantaram que essa perda ocorre apesar de as receitas da venda de passagens terem crescido cerca de 17%.

Estas fontes observaram que os números da TAP de 2008 mostram como as contas foram penalizadas pela escalada dos preços com combustíveis, que marcou a actividade da aviação comercial pela rapidez com que se deu e pela dimensão que atingiu.

Números da TAP indicavam que o acréscimo de custos com combustíveis se situava em 160 milhões de euros até Outubro.

No final do primeiro semestre, com prejuízos de 136 milhões de euros e perdas operacionais de 105 milhões, a TAP indicava que o acréscimo de custos com combustíveis era de 133 milhões, para 312 milhões, e era o factor que mais contribuía para um agravamento em 32% dos custos globais de exploração, para 984 milhões, enquanto as receitas operacionais subiam 20%, para 977 milhões.

A parte final do ano, com o preço dos combustíveis já a descer fortemente, não significou, porém, alívio para a TAP, como para as outras companhias aéreas, que foram apanhadas pelos reflexos da crise económica e financeira mundial.

O “problema” passou então a estar centrado na receita.

O transporte de passageiros e carga entrou em queda, o que levou a uma disputa mais acirrada entre companhias aéreas pela via do preço, como o mostram as promoções que têm sido lançadas por várias companhias aéreas com voos de longo curso a preços inferiores a 400 euros.

Os dados da TAP já conhecidos indicam que a companhia, apesar do progressivo acentuar da crise, ainda manteve crescimento do número de passageiros, mas sem escapar à tendência das promoções, que permitem aguentar o mercado mas em termos de receita levam a uma degradação do yield (receita por passageiro quilómetro transportado).

A TAP, ainda assim, pelos números avançados ao PressTUR por algumas fontes, conseguiu, pelo menos até ao final de Janeiro, aumentar o yield, mas não a receita unitária (receita por lugar quilómetro colocado no mercado), que é o indicador mais utilizado na aviação, por ponderar o yield pela taxa de ocupação.

Os dados a que o PressTUR teve acesso indicam uma subida do yield uma vez que a receita de passagens cresce na ordem de 17% face a um crescimento em 14,5% do tráfego (medido em passageiros x quilómetros), com um aumento do número de passageiros transportados em 12,3%, para 8,73 milhões.

Estes dois indicadores mostram que os passageiros da TAP percorreram em médias etapas de voo mais longas, o que normalmente se traduz em aumento da tarifa média mas em queda do yield.

Já quanto à evolução da receita unitária, os dados apontam para uma queda, uma vez que os cerca de 17% de aumento da receita ficam aquém do acréscimo de capacidade, que se situou em 21,2%, o que acarretou uma queda da taxa de ocupação em 3,9 pontos, para 67%.

Fontes da TAP contactadas pelo PressTUR admitiram que nos primeiros meses deste ano se agravou o “ambiente de receita”, com quedas muito fortes nas vendas através das agências de viagens (BSP).

Em Portugal, as vendas BSP, que subiram em média 3,5% no ano de 2008, e ainda em Dezembro tiveram um crescimento em 4,2%, no mês de Janeiro caíram 16,8%, que é a queda homóloga mensal mais forte desde Março de 2003, em plena crise provocada pela guerra do Golfo e os receios da epidemia de SARS, para 56,49 milhões de euros, que é um montante inferior inclusivamente ao verificado em Janeiro de 2006.

Para Fevereiro ainda não são conhecidos valores, mas fontes da aviação avançaram ao PressTUR uma perspectiva pessimista, nomeadamente pela evolução na última semana do mês.

Uma fonte avançou que as quedas na última semana de Fevereiro se terão situado na ordem dos 40%, mas esta evolução deve ser relativizada pelo facto de no primeiro quadrimestre, os feriados móveis do Carnaval e da Páscoa provocarem fortes variações.

Ainda assim, e apesar de as quedas a dois dígitos nos BSP serem comuns a outros mercados internacionais onde a TAP opera, a companhia portuguesa teve em Janeiro um aumento do número de passageiros em 2,7% e a receita de passagens cresceu na ordem de 6%.

A questão, porém, é se este aumento de receita terá acompanhado o acréscimo de tráfego (em passageiros quilómetros), permitindo sustentar o yield, e de capacidade (em lugares quilómetros), permitindo sustentar a receita unitária, que são os dois indicadores de receita mais utilizados na aviação comercial.

A notícia avançada ontem pelo “Expresso online” diz que à perda de 200 milhões admitida pelo CEO Fernando Pinto em Dezembro se somam prejuízos de 36 milhões da empresa de handling Groudforce e 30 milhões da empresa de manutenção no Brasil, a VEM.

Inicialmente a TAP tinha descartado consolidar os prejuízos da VEM, por ter à venda a participação na empresa brasileira, mas, segundo fontes da TAP contactadas pelo PressTUR a companhia concluiu que terá que o fazer, porque já tem a participação à venda há mais de um ano.

Em finais de 2008, Fernando Pinto, em declarações à imprensa, dizia que os números de que dispunha indicavam um prejuízo “um pouco acima de 170 [milhões de euros] até Outubro” e referia que as perdas da Groundforce estavam “entre dez a 15 milhões de euros”.

O CEO da TAP reconheceu também nessa ocasião que embora grande parte das perdas decorresse da escalada dos preços dos combustíveis, a partir de Outubro a companhia sofria o impacto da crise económica mundial e admitia que os prejuízos aumentassem “até ao final do ano”.

Fernando Pinto comentou também o facto de a TAP entrar em falência técnica com as perdas de 2008, mas comentou que esse é um “aspecto contabilístico”, que “tem que ser visto”, mas que “o mais importante é que a empresa tem um certo conforto de tesouraria”.

Em Janeiro passado, durante a BTL, a TAP anunciou ter como objectivo aumentar o número de passageiros em 3,3% ou cerca de 464 mil, para 9,2 milhões.





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