|

Air France 447 - FAB não confirma se controle aéreo repassou ao voo AF 447 aviso de perigo meteorológico

Click here for more news / Clique aqui para mais notícias

BRASÍLIA - A Força Aérea Brasileira (FAB) emitiu alertas oficiais em sequência no domingo sobre uma tempestade perigosa na região onde o vôo 447 da Air France desapareceu. Mas não está claro se o controle aéreo brasileiro repassou, como deveria, essa informação aos pilotos do Airbus A-330, o que poderia ter permitido uma manobra de desvio para contornar a tempestade. A FAB informa que não é obrigação do controlador repassar tais dados. Mas o manual de controle aéreo brasileiro e as regras internacionais exigem que os "sigmets" sejam informados por rádio aos pilotos cujas rotas estão a uma hora de distância do local afetado.

O "Sigmet" é a sigla em inglês para "informação relativa a fenômenos meteorológicos em rota que pode afetar a segurança operacional da aeronave". No domingo, a rede interna do controle aéreo notificou a presença de tempestade de Cumulus Nimbus (CB) que praticamente bloqueava, como um paredão de 38 mil pés de altitude, a rota da aerovia UN 873, na qual o Airbus A-330 seguia, na fronteira entre o espaço aéreo brasileiro e senegalês, no Atlântico.

Esse aviso -que implica em forte tempestade, descargas elétricas, granizo e ventos convexos- tem validade de quatro horas e foi renovado três vezes. Na última renovação, se aplicava ao período entre as 23h00 e 3h00 da noite de domingo para a madrugada de segunda. Segundo informações oficiais, a aeronave desaparecida sofreu forte turbulência nesse mesmo momento, às 23h00, e seu sistema automatizado enviou mensagens de pane elétrica e despressurização da cabine das 23h10 às 23h14.

Não se sabe se os pilotos ficaram sabendo da renovação do aviso de perigo meteorológico iminente -tanto por seus sistema computadorizados e radar meteorológico na cabine tanto quanto pelo contato de rádio prévio com o Cindacta-3. Receber ou não o aviso não isenta os pilotos de suas responsabilidades, que incluem qualquer decisão sobre alteração do plano de vôo para preservar a segurança da aeronave.

Questionada se este sigmet foi transmitido para o vôo AF 447, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou, ontem à noite por telefone que: "Durante o planejamento do voo, antes da decolagem, a tripulação é responsável pela coleta de todas as informações de condições meteorológicas de interesse para o seu voo".

Sobre a possibilidade de repasse, em tempo hábil, do sigmet válido a partir das 23h para o vôo, a FAB informou que, por se tratar da terceira renovação do mesmo sigmet, a informação relevante estava disponível aos pilotos antes da decolagem, a partir das 15h. E completou: " É responsabilidade do piloto avaliar as condições da rotas e avaliar se sua aeronave pode suportar as condições meteorológicas durante o voo".

De acordo com a assessoria, o controlador não deve nem pode "ocupar" o rádio para repassar informações climáticas, já que as frequências devem permanecer disponíveis para necessidades do controle de tráfego.

Mas, além das instruções relativas ao manejo de tráfego de aeronaves, o controle aéreo tem obrigação de prestar "serviço de informação de vôo". Segundo o manual de controle aéreo, a primeira informação da lista de itens a ser fornecida às aeronaves é justamente os sigmets.

"A transmissão da informação Sigmet às aeronaves deverá cobrir uma parte da rota de até uma hora de vôo à frente da posição da aeronave", diz o ICA 100-12, manual dos controladores. A difusão dos sigmets é feita obrigatoriamente por dois de três meios: transmissão direta à aeronave com confirmação de recebimento, chamada geral às aeronaves interessadas, com confirmação de recebimento, e radiodifusão.

Dessa forma, o AF 447 deveria ter sido avisado, por volta das 22h, do perigo mais adiante, conforme a primeira renovação do sigmet, válido entre 19h e 23h.

O "sigmet", sigla em inglês no jargão aeronáutico para "informação meteorológica significante", consta no sistema Redemet da FAB e pode ser consultado pelo público. Esse tipo de aviso é parte da rotina do serviço meteorológico do controle aéreo internacional e compõe uma etapa importante da segurança de vôo. Não se sabe se a tempestade foi fator contribuinte ou determinante para a queda do vôo AF 447.

Os sigmets são emitidos 24h, à medida em que é fechado um prognóstico de risco, geralmente relativo a zonas com gelo e turbulência em áreas de 7,8 mil quilômetros quadrados. E são complementares aos prognósticos fornecidos antes das decolagens, já que situação climáticas podem evoluir durante a duração do vôo.

Mediante previsão desse tipo de tempestade, o procedimento normal é que pilotos e controladores combinem desvios laterais, dentro da mesma altitude, para contornar a formação, comum na região nesta época do ano. Mudanças de altitude também podem ser combinadas com o controlador.

O sigmet indicava a tempestade até 38 mil pés de altitude, ao sudeste do ponto de referência aeronáutico "Dekon" e ao noroeste de "Kodos", ambos na linha de fronteira do espaço aéreo sobre o Atlântico gerenciado pelo Cindacta-3 (Recife) e por Dakar (Senegal). (veja infográfico ao lado)

Entre os dois pontos está "Tasil", na aerovia UN 873, na qual o vôo da Air France seguia a 35 mil pés de altitude. Ao passar nesse ponto, às 23h20, o piloto deveria "se despedir" do controle brasileiro -isso não aconteceu.





◄ Share this news!

Bookmark and Share

Advertisement







The Manhattan Reporter

Recently Added

Recently Commented