O RADAR AESA DO GRIPEN NG PARA OS CÉUS BRASILEIROS
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Peter Nilsson, Ten-Cel (Res.)
Vice President Operational Capabilities
Gripen International
Nos futuros campos de batalha, serão vencedores aqueles que tiverem as melhores informações e superioridade situacional, a exemplo de capacidades de combate Além do Alcance Visual, conhecido por sua inglesa BVR (Beyond Visual Range), cada vez mais críticos para o sucesso de uma missão. As superiores capacidades de Guerra Eletrônica do Gripen estão muito à frente das demais em sua área. Por exemplo, o datalink mais avançado do mundo, atualmente em operação e incorporado no Gripen, não só confere uma diferenciada capacidade de mira, como também permite que o piloto passe informações, em tempo real, aos demais integrantes da rede de defesa, permanecendo oculto do inimigo.
Com a capacidade do Gripen NG de adquirir, buscar, processar, compartilhar e exibir informações táticas, como dados situacionais de unidades hostis e amistosas, zonas de engajamento de mísseis, bem como informações oriundas de receptores de alertas de radares, os pilotos do Gripen conseguem ser eficazes em suas operações e interações e, ao mesmo tempo, evitar sua exposição ao fogo inimigo.
Os aviônicos e a interface máquina-homem (HMI), incorporados no Gripen, fornecem conectividade com o quadro operacional, disponível na futura rede Conjunta de Defesa do Brasil. Os recursos de navegação acoplados apoiam o piloto que precisa apenas fazer a supervisão e se manter focado na missão, nas ameaças e na identificação dos alvos. Novos dados, provenientes dos sensores, são alimentados no quadro operacional, através dos datalinks.
O radar de varredura eletrônica ativa, conhecido por sua sigla inglesa AESA (Active Electronically Scanned Array) e embarcado no Gripen NG, pode ser usado em modos independentes ou combinados, quando for necessário acertar alvos, nos modos Ar-Ar e SAR / ISAR (Inverse Synthetic Aperture Radar) / GMTI (Ground Moving Target Indicator). Dependendo das condições meteorológicas, é possível usar os sensores ópticos e eletrônicos (EO/IR), atuando por infravermelho, e um designador a laser associado para designar bombas e obter avaliações de danos.
O AESA
A colaboração entre a SAAB e a SELEX Galileo resultou no desenvolvimento de um radar de varredura eletrônica ativa (AESA) para o programa do Gripen NG, com um aumento significativo da capacidade do radar AESA.
O Gripen NG é uma versão consideravelmente aperfeiçoada do já comprovado caça multiemprego Gripen C/D. Visando combates travados no ambiente bélico centrado em rede do Século XXI, o projeto flexível e modular do Gripen continua sendo desenvolvido e incorporando aperfeiçoamentos de baixo custo e vantajosos em termos da relação custo-benefício.
O programa do Gripen NG abrange o desenvolvimento de todos os principais sensores e componentes aviônicos, incluindo comunicações de dados, sistemas de auto-proteção, integração de armas e modificações na estrutura do avião e no sistema de propulsão. A cooperação entre a SAAB e a SELEX Galileo representa uma garantia de que Gripen NG aproveitará integralmente a mais avançada tecnologia AESA.
Em comparação com as antenas convencionais atuando com varredura mecânica, o radar AESA apresenta uma agilidade muito maior do facho, resultando em funcionamento mais rápido e uma resposta mais pronta do sistema. O radar AESA pode rastrear muitos alvos e ainda manter-se em alerta para detectar novos alvos à distância. Este radar discrimina melhor os múltiplos alvos e é menos provável que seja enganado pelas manobras executadas pelo alvo. O radar AESA também é mais efetivo contra alvos pequenos que possuem uma pequena seção exposta ao radar, que é, em geral, o grande desafio enfrentado pelos radares de gerações anteriores.
O radar do Gripen NG incluirá o inovador recurso swashplate que aumenta significativamente seu desempenho, nos grandes ângulos, fora da mira do alvo. Isso melhorará a noção situacional, pois confere uma maior área de cobertura, além das imagens do Radar de Abertura Sintética (SAR) com melhor qualidade nos ângulos maiores. Nos combates além do alcance visual, o amplo campo de visão também possibilita a otimização das ações táticas.
Como a antena AESA é formada por um grande número de módulos ativos de transmissão/recepção, uma eventual falha em alguns destes módulos não tem um efeito notável no desempenho geral do sistema e em sua confiabilidade. Consequentemente, um radar AESA requer menos manutenção do que um sistema convencional de varredura mecânica. Isso aumenta significativamente a disponibilidade da aeronave e reduz os custos de mantê-la em serviço.
Melhor rastreamento de alvos
Com a inerente agilidade do facho, o rastreamento de alvos fica bem mais adaptável e é mais eficiente em termos de tempo, o que aumenta o desempenho do rastreamento feito pelo radar, em um ambiente com muitos alvos. Isso facilita a escolha do alvo certo para engajar a arma, assim como sua preparação, pois se utiliza dados mais precisos, ou seja, melhora-se a capacidade de controle de disparo.
A agilidade do feixe também aumenta a capacidade de executar buscas por novos alvos, em um volume maior, mantendo as atualizações do alvo rastreado para os rastreamentos atuais. Com isso, o piloto passa a ter uma melhor noção da situação em sua volta.
Amplo campo de visão
Graças a solução swashplate, o radar AESA do Gripen NG possui a capacidade de cobrir um ângulo de rastreamento de até ±100°, o que aumenta a noção situacional e pode ser utilizado para aumentar a qualidade das imagens geradas pelo Radar de Abertura Sintética (SAR). Nos combates travados além do alcance visual, o rastreamento feito com um grande ângulo também permite que a aeronave acompanhe o alvo, enquanto executa uma manobra de 90°. Isso minimiza a taxa de fechamento com o alvo e coloca a aeronave no retorno entulhado que o inimigo recebe, além de possibilitar total guiamento dos mísseis BVR.
Flexibilidade de modos
Graças à agilidade do facho, é possível passar com facilidade de um modo para outro, o que aumenta ainda mais a noção que o piloto passa a ter da situação. Por exemplo, o piloto pode usar os modos Ar-Terra em paralelo com os de busca e rastreamento Ar-Ar.
Baixa probabilidade de interceptação
O radar AESA apresenta qualidades que dificultam a detecção da aeronave pelo inimigo e, com isso, aumenta a possibilidade de sobrevivência da aeronave. Estas características incluem menor seção de radar, capacidade de operar com menores níveis energéticos e níveis de lobos laterais, podendo-se utilizar o feixe em padrões aleatórios de busca e rastreamento.
Maior alcance de detecção
A flexibilidade do facho e o controle sobre a forma da onda possibilitam a otimização dos modos, nas aquisições de alvo a curto e longo alcance. O sistema AESA também pode ser utilizado por outros sensores embarcados, a exemplo do sistema de busca e rastreamento por infravermelho (IRST) ou pelos dados oriundos de recursos externos, a exemplo do Erieye, aumentando ainda mais a noção situacional do piloto e possibilitando que este tome uma ação mais cedo.
Melhores contramedidas eletrônicas
A adaptabilidade da formação do facho futuro facilita e melhora a detecção de alvos, na presença de vários sinais embaralhados. A noção situacional pode ser mantida, até mesmo em um ambiente denso em frequências de rádio, o que é importante para a sobrevivência.
Maior disponibilidade operacional
O projeto modular da antena, inclusive o grande número de módulos de transmissão/recepção, garante uma boa degradação. Isso significa que a antena manterá um desempenho excelente, mesmo diante de uma porcentagem de falhas, garantindo grande disponibilidade, um pré-requisito essencial para as operações de alta intensidade.
As experiências com radares amplos, adquiridas pela SELEX Galileo e SAAB Microwave Systems, estão sendo combinadas, no programa de desenvolvimento conjunto. O radar AESA se baseia no radar SELEX Galileo Vixen AESA, usando funcionalidades do programa Vixen, do PS-05/A e de outros programas das duas empresas.