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Air France 447 - Voo AF 447: Buscas exigem dose de improvisação

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Ricardo Bonalume Neto

O empenho da Força Aérea e da Marinha em descobrir os restos do Airbus da Air France não é uma mera questão humanitária ou patriótica, por ter o acidente ocorrido com avião que saiu do país.

É uma questão legal. Convenções internacionais definem a área de responsabilidade brasileira em operações de SAR (search and rescue), ou busca e salvamento. A área inclui as costas do país e se estende por boa parte do Atlântico Sul, até o meridiano de 10 Oeste.

O tamanho das áreas reflete não só a geografia, mas a capacidade operacional das forças armadas ou guardas-costeiras dos diferentes países. Esses acordos internacionais são discutidos no âmbito da Organização Internacional de Aviação Civil e da Organização Marítima Internacional.

Marinha e FAB estão bem equipadas para atividades de busca e salvamento, embora em alguns casos isso exija uma dose de improvisação.

O principal avião responsável por buscas diurnas, o C-130 Hercules, é, na verdade, um avião de transporte. O C-130 tem a vantagem de ter quatro motores, autonomia, e uma cabina com ótima visibilidade.

O principal avião hoje dedicado à patrulha marítima, o P-95, é uma versão navalizada do bimotor Bandeirante da Embraer, mas tem o inconveniente de ter "perna curta", com raio de ação menor que o C-130.

Os EUA estão contribuindo com a missão com um avião clássico de patrulha marítima, o P-3 Orion, melhor adaptado a missões sobre o mar.

Ironicamente, a FAB comprou este mesmo avião para renovar a sua aviação de patrulha marítima, mas eles ainda não estão operacionais, pois no momento oito deles estão sendo modernizados na Espanha.
O primeiro voo de teste de um destes aviões, conhecidos como P-3AM, foi em abril.

Em compensação, a FAB tem um trunfo no avião-radar R-99B, uma das duas versões do jato Embraer EMB-145 produzidas para atender as necessidades do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).

O modelo R-99A* tem um radar sueco capaz de detectar aeronaves a até 400 km de distância e é voltado principalmente ao alerta aéreo antecipado -a detecção a longa distância de aviões inimigos, ou, no caso da Amazônia, de contrabando.

Já o R-99B é especializado em observação do terreno, o chamado "sensoriamento remoto". Seu radar de abertura sintética, além de sensores eletro-ópticos, permite visualizar o terreno de noite ou mesmo através de nuvens.

O fato de o radar estar a bordo de um avião torna mais fácil localizar objetos relativamente pequenos na superfície do mar, algo que um radar de navio dificilmente enxergaria.

Tanto o modelo "A" como o "B" do R-99 pertencem ao 2º Esquadrão do 6º Grupo de Aviação, o Esquadrão Guardião, baseado em Anápolis (GO). Além da infraestrutura, o clima seco do planalto é melhor para a manutenção da complexa eletrônica de bordo.

As atividades de busca e salvamento na área marítima do Brasil são supervisionadas pelo Salvamar, ligado ao Comando de Operações Navais, que aloca os meios navais necessários a cada missão.

Os três navios da Marinha primeiramente envolvidos são bem diferentes entre si. O "Grajaú" é um moderno Navio-Patrulha, mas pequeno (deslocamento de 217 toneladas, comprimento de 46,5 metros).

Um modelo igual foi recentemente entregue à marinha da Namíbia; o "Brendan Simbwaye" é o primeiro navio de guerra construído e exportado por uma empresa privada brasileira, o estaleiro Inace (Indústria Naval do Ceará), de Fortaleza.

Já a corveta "Caboclo", de mil toneladas, é uma rara (e obsoleta) sobrevivente da classe de navios-patrulha comprados à Holanda na década de 1950.

A Fragata "Constituição", projeto britânico da década de 1970, foi modernizada e tem a grande vantagem de ter um helicóptero orgânico, um Super Lynx, dedicado à luta antisubmarina, mas útil para resgates.


*Recentemente a FAB alterou a designição do R-99A. O modelo agora se chama E-99. (DB)





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